Por Senny Trindade
A palavra “cazuza” tem o significado de moleque no nordeste
e o pai de Agenor, como bom pernambucano que era, o chamava desta maneira desde
antes do seu nascimento. Cazuza sempre preferiu o apelido ao nome e, somente
quando descobriu que seu ídolo Cartola também se chamava Agenor, passou a
aceitar o próprio nome.
Esse maravilhoso mestre da música nem sempre foi cantor.
Antes disso passou por uma adolescência um pouco rebelde e se descobriu bissexual
e usuário de drogas. Seu pai lhe arrumou um emprego na gravadora Som Livre em
1976, onde passou a trabalhar no departamento artístico selecionando fitas de
novos cantores e atuando também na assessoria de imprensa. Fez curso de
fotografia e trabalhou também na gravadora RGE divulgando artistas, porém nada
disso o fazia completo. Foi aí então que Cazuza começou um curso de teatro com
o ator Perfeito Fortuna e descobriu que o seu dom era não o de atuar, mas sim o
de cantar.
Cazuza fez um teste para uma banda de rock que procurava por
um vocalista e o nome dessa banda era Barão Vermelho. O seu tom de voz
combinava muito com o estilo da banda e a partir daí Cazuza começou a fazer
parte dela. Cazuza compunha suas próprias músicas que foram adotadas pela banda
que antes só cantava covers. Com repertório próprio, a banda começou a fazer
pequenos shows e juntos convenceram o pai de Cazuza a lançar a banda Barão Vermelho.
O CD gravado em produção barata foi bem apreciado pelos artistas, entre eles
Caetano Veloso, que incluiu em seu repertório a música “Todo o amor que houver
nessa vida” composta pelo grupo. Mais tarde a banda lançou outro CD, Barão Vermelho 2, que continuava o sucesso do primeiro. Mas foi somente na década de
80, quando o filme “Bete Balanço”, de Lael Rodrigues, foi lançado com a música-título
composta pela banda, que o Barão Vermelho chegou ao grande público.
Capa do primeiro LP do Barão Vermelho |
Outras tantas músicas compostas por Cazuza fizeram e fazem
muito sucesso até hoje. Porém, com o sucesso vem sempre a cobrança profissional
e isso fez com que os desentendimentos entre os integrantes do grupo fossem
ressaltados, em especial com o Cazuza, que tinha um temperamento inquieto. Um
pouco depois, logo antes de lançarem mais um CD, o grupo anunciou que Cazuza
sairia da banda para iniciar carreira solo.
Barão Vermelho |
Um pouco depois de lançar-se em carreira solo, Cazuza foi
internado em um hospital no Rio com uma infecção bacteriana. Fez o teste para
HIV que apresentou resultado negativo. Continuou os seus shows, lançou outros
CDs com participação de alguns cantores e continuou fazendo ainda mais sucesso.
Antes de estrear o show do álbum “Só se for a dois”, Cazuza foi diagnosticado
com AIDS. Em 1987 ele foi para Boston com os pais iniciar um tratamento com AZT.
Voltando de lá, em 1988, lançou as músicas “Ideologia”, “Blues da Piedade” com
a roupagem mais Janis Joplin, “Faz Parte do Meu Show” e outras mais. Ainda em 1988
foi premiado com o prêmio Sharp de música por melhor cantor pop-rock e melhor música
pop-rock com “Preciso Dizer que te Amo”.
Um pouco depois do lançamento de mais um álbum, Cazuza
reconheceu publicamente a sua condição de portador do vírus da AIDS. Quanto
mais o seu estado se agravava, mais o cantor trabalhava para aproveitar todo o
tempo que lhe restava. Por fim, lançou um álbum duplo intitulado “Burguesia”,
sendo o lado azul do álbum composto por músicas no estilo Rock e o lado amarelo
por músicas no estilo MPB. Em 1989, Cazuza voltou para Boston e permaneceu
internado até o ano seguinte. Já não
havia muito o que fazer naquele momento, pois seu estado já era crítico o
suficiente para que seu corpo não resistisse por mais tempo. Foi então que em
julho de 1990 faleceu o ídolo da música brasileira, deixando muitas saudades e
canções repletas de poesia e vida!
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